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Tag: Cultura

Precisamos de cultura, a começar da TV Cultura

Por em Jul.17, 2015, Categoria Clipping, Cultura, Opinião

Este texto não tem figurinha, não tem foto bonitinha, este texto é chato porque o assunto que o move é preocupante. Este texto não busca colecionar likes e muito menos compartilhamentos. Este texto tem uma chance ínfima de ser lido. Por isso mesmo o cometo, pois é a expressão indignada do que vejo e, a continuar assim, do que me arrisco a não assistir mais.

Ontem, em nova tentativa de colocar as contas em ordem, a TV Cultura passou o facão em sua equipe, demitiu uma série de profissionais, sinalizando, mais uma vez, que a sua saúde financeira, na UTI há tempos, dá sinais de agravamento.

Tenho uma empresa, sei bem o que é administrar em tempos de desaceleração econômica, mas, e sinceramente, a postura do Governo do Estado de São Paulo quanto à TV Cultura parece-me o problema. Respeito o seu presidente, a quem admiro, entendo o momento da crise de confiança por que passamos, influenciando na baixa de arrecadação de estados, municípios e União, de forma a frear boa parte de seus investimentos. Porém, a questão me parece outra: política pública.

Muitos são os argumentos contra o conteúdo das TVs. Às vezes com razão, às vezes de maneira rasa, público, estudiosos, críticos descem a lenha na televisão, dizendo que não forma, não informa e ainda por cima deforma. Pois bem, a TV Cultura não veste o figurino de nenhuma dessas críticas. Sua programação, de alto nível, prova que uma TV pública tem muito a fazer por questões como educação, cidadania, entretenimento, a própria cultura.

O que falta? Traçar uma política pública que comprometa o Estado de São Paulo a dar o suporte que não apenas a TV, mas a cultura como um todo, necessita. É pedir demais? De forma alguma. É pedir por algo justo e necessário à construção de uma sociedade inteligente, criativa e harmônica.

O que desejo como cidadão é ver o Estado responsabilizar-se de vez com ações concretas e continuadas rumo ao engrandecimento de um veículo que igualmente nos engrandece. Uma política pública clara, um compromisso transparente evitaria essa situação. E não só em relação à TV Cultura, mas a tantos aspectos necessários ao exercício de nossas vidas. Enquanto isso não ocorrer, os custos da emissora serão jogados na coluna de despesas do Estado e, portanto, administrados pela perspectiva puramente financeira.

É lamentável e preocupante entender que uma das TVs abertas de maior qualidade do país esteja passando, novamente, por essa situação. É triste ver profissionais que dedicaram uma vida a torná-la um símbolo de excelência demitidos da noite para o dia. É duro assistir a tudo isso calado.

Longa vida à TV Cultura.

Fernando Brengel, sócio e diretor de criação da Presença Propaganda.

TV Cultura realiza grande corte de funcionários

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Na terra dos Apaches

Por em Out.12, 2011, Categoria Cultura, Mercado

Na minha infância, incursões ao centro da cidade eram momentos inesquecíveis. Sempre voltava desses passeios com um presente ou uma forte promessa de ganhar alguma coisa em um “outro dia”. Era praxe uma passada no Mappin, setor de brinquedos. Ia lá para babar nos autoramas, carrinhos a motor, bicicletas de marcha e outras possibilidades de diversão inalcançáveis. Anos depois passei a frequentar o setor de instrumentos musicais, mas esse episódio fica para uma outra vez.

Foi ali, no Mappin da Praça Ramos de Azevedo, que depois de muita insistência e mais um crediário bancado pela Vó Ângela, levei vitorioso para casa o tão almejado Forte Apache. Aquele ano prometia. Era Dia das Crianças e já havia conquistado um brinquedo daqueles? Imagine o que Papai Noel estava preparando.

Cheguei em casa, liguei a TV no Rim Tim Tim e, do meu lado da telinha mostrei ao Cabo Rusty – o menino órfão adotado pela pela cavalaria norte-americana – que eu também poderia ser um integrante do exército yankee. Já tinha meu forte e começaria imediatamente uma briga sem tréguas com os índios inimigos.

Quanto sonho. Quantos amiguinhos para compartilhar desse sonho. Naquele momento o dono da bola, melhor dizendo, do Forte Apache, era eu. E como a gente ganha amiguinho nessa hora né?

O tempo passou, o mimo foi devidamente aposentado. A compreensão das atrocidades perpretadas contra os índios – os nossos e os alheios -, o horror que tenho a brinquedos que incitem à violência e o próprio entendimento dos objetivos ideológicos daquilo que via, ouvia ou brincava em tempos de Guerra Fria, me fez reavaliar os meus gostos. Mas, como diria Belchior, “deixando a profundidade de lado”, o que ficou dessa história e de tantas outras foi uma infância feliz.

Como gostaria que as crianças largassem um pouco seus previsíveis videogames e voltassem a colocar a imaginação para funcionar. Que saíssem um pouco das nossas ilhas cibernéticas, voltando a brincar com jogos que agregam pessoas. Acho que os pais vêm acordando para este fato, estimulando os filhos a dividir melhor seu tempo entre as traquitanas eletrônicas e as pessoas de carne e osso, aquelas mesmas que inventam essas traquitanas. Afinal, o que elas terão um dia para contar? O que aprendem matando mais inimigos que o outro nickname que joga em rede e que, provavelmente, nunca passará de um companheiro virtual?

Nesse Dia das Crianças desejo a cada menino e menina desse planeta, devidamente abençoados por Nossa Senhora da Aparecida, que daqui a 20, 30 anos elas possam olhar para trás e lembrar, como faço agora, de um brinquedo, que só foi uma desculpa para ter ao lado quem faz a vida ter sentido: nós, seres humanos.

Fernando Brengel

Dedico esse texto aos meus familiares, especialmente aos meus saudosos avós Aquiles e Ângela, que tudo fizeram para estimular meus sonhos.

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Hendrix forever

Por em Set.19, 2010, Categoria Cultura

shutterstock_12144304_bxLá no começo dos anos 1990, em casa de amigos, fui apresentado a um casal havia voltado da Alemanha. Sabendo-me publicitário, mostraram-me uma novidade: um cartão telefônico. Por aqui ainda usávamos fichas, que às vezes demoravam a cair e completar a ligação, fato que deu origem à expressão “cair a ficha”.  Mais que encantado com a tecnologia da época, o cartão telefônico mexeu com meu DNA profissional pois admitia a veiculação de anúncios em seu verso. Para a minha surpresa, a mensagem que vi ali, naquele espaço reduzido, me marcou demais, dois desenhos lado a lado, um de Beethoven e outro de Jimi Hendrix com o seguinte título: “Da cultura ao culto”.

Sensacional como a criação publicitária consegue, em sua concisão cortante, envolver tanto, emocionar tanto, comunicar demais. Beethoven havia sido pop em seu tempo até virar uma referência cultural das mais significativas. Hendrix também trilhou este caminho. Ambos são cultuados. Lindo, preciso e inteligente.

Minha história com o Hendrix, a do culto, começou no fim dos anos 1970. Começou no dia em que ouvi Hey Joe e Purple Haze, motivando-me a comprar uma guitarra e, tempos depois, a abandoná-la pela impossibilidade de ser um milésimo do que Jimi havia sido. Honestamente, eu que já gostava de rock, fui levado ao delírio.

“Well she’s walking through the clouds”, Little Wing, três décadas depois gravada maravilhosamente bem por Cássia Eller; “Because I’m a Voodoo Chile, Lord knows I’m a Voodoo Chile”, Voodoo Chile; “Have you ever been (have you ever been) to electric ladyland?  The magic carpet waits for you so don’t you be late”, Have you ever been. Canções? Hinos. Lisérgicos, rebeldes, libertadores. Hinos criativos, virtuosos, que fizeram escola – Pepeu Gomes, gênio, foi um dos melhores alunos da Hendrix Rock’n Roll School que se tem notícia por aqui.

Hinos que inspiraram, no encerramento de Woodstock, a releitura de um outro hino, o norte-americano. Com suas distorções e inventividade,  Hendrix reproduziu em Star-Splanged Banner sons de bombardeios aéreos, alusão à Guerra do Vietnã que, pelos preceitos do movimento hippie e do seu lema Paz e Amor, deveria cessar imediatamente.

Tocar com a guitarra nas costas, no meio das pernas, com os dedos do pé; atear fogo numa joia chamada Fender Stratocaster; entrar no palco chapadão. Jimi Hendrix marcou gerações. Seu som, incomparável e inesquecível, sua vontade de descobrir possibilidades musicais, sua expressão preciosa cessaram naquele 18 de setembro de 1970. Dias depois o acompanharia Janis Joplin. Meses mais tarde Jim Morrison, completando o que parecia ser a maldição do J.

Jimi faleceu aos 27 anos; o culto ao qual pertenço persiste há 40. O rock, no entanto, nunca mais foi o mesmo.

Fernando Brengel

Complementando, hoje a TV faz 60 anos de Brasil. Viva! TV que informa e entretém. O veículo que me pôs em contato com o Hendrix e com o mundo.

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Agenor e Ezequiel

Por em Jul.07, 2010, Categoria Cultura

-Você aqui?! Não acredito! (smack!)

– E você meu filho, que não te vejo há tanto tempo. Pensei que você tinha mor-ri-do. (risos)

– Você continua uma tia debochada.

– E você? É só olhar e ver que você continua exagerado.

– O legal é que a gente nasceu um pro outro.

– Só na filosofia. (risos)

– Saudades da mamãe.  Ela tá fazendo um trabalho lindo.

– Aquela coisa né? De mulher batalhadora. Ela te ama demais.

– E eu continuo amando tudo e todos. Entendi o papai, tô tentando me entender …

– Bom, a conversa tá ótima, mas falta um scotch pra acompanhar.

– Ih merrrrmão. Aqui o papo é careta. Caretíssimo. Sem scotch, sem bagulho, sem o Baixo pra gente se divertir …

– Meu Deus! Vô pegar o elevador pro subsolo. Dizem que lá tem tudo isso. E do bom!

– De jeito nenhum! A gente tem um monte de coisas pra fazer. Vamos agitar esse negócio aqui.

– Boa. Pensando bem acabei de chegar. Primeiro vou reconhecer o terreno.

– Depois você se acostuma e vai ficando, ficando …

– Cazuza, você acha que a gente se acostuma mesmo?

– Não sei Zeca. Faz vinte anos que eu tô em busca dessa resposta.

Hoje, sete de julho de 2010, faz vinte anos que Agenor de Miranda Araújo Neto, nosso gênio Cazuza, nos deixou. Por si só essa data deveria ser reverenciada. Fato é que hoje, justamente hoje, foi ao seu encontro Ezequiel Neves, o Zeca Jagger, Zeca Rotten ou simplesmente Zeca. Compositor, jornalista, agitador cultural, Zeca impulsionou a carreira de Cazuza e do Barão Vermelho. Foi parceiro em várias composições e amigo de Cazuza até o seu último momento entre nós. Quis a poesia do destino que exatos 20 anos depois eles se reencontrassem. Afinal, para o amor e a amizade não há tempo nem distância capazes de separar aqueles que nasceram para viver eternamente juntos.

Fernando Brengel

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E agora José?

Por em Jun.19, 2010, Categoria Cultura

Não adianta esconder Saramago: você foi um mago. Das letras. Deixando a modéstia de lado – você que a tinha como prática de vida – sua literatura é uma das mais brilhantes de todos os tempos. Obra oriunda da pena de um autor que integrou um time de escritores do qual Portugal muito se orgulha e o mundo reverencia.

Tudo começou com um tal Camões, que passou a bola para o Eça, que a deixou para o Pessoa, que triangulou com você e agora está com o Lobo Antunes. Isso para resumir o que não caberia nesse blog. Se formos fundo, Deus nos livro! São volumes de qualidade que não acabam mais.

E por falar em Deus, não espere nenhuma oração por você, até em sinal de respeito pelas suas crenças. Nesse caso a crença de que Deus não existe. Ou seja, nesse momento, segundo a sua ótica, você chegou ao final. Ao ponto final de 87 anos de pura criatividade e combatividade.

E agora José? Saramago. Como ficamos nós? Mais uma vez órfãos daqueles que nos ensinam a pensar, lutar, trabalhar? Mais uma vez afundados na cegueira da qual ensaiávamos sair? Mais uma vez nos perguntando por que quem vale a pena não merece um epílogo? Perguntas, sem respostas, como aquelas que você gostava de fazer.

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Só podia ser na África

Por em Jun.14, 2010, Categoria Cultura

15 de junho de 2010. Numa Johannesburgo de tantas histórias, 11 jogadores canarinhos têm a incumbência de começar a escrever, mais uma vez, um belíssimo capítulo da trajetória vencedora do nosso futebol. Agora, no entanto, o enredo se desenrola num continente em que nos sentimos em casa: a Mama África. Talvez, e por isso mesmo, a emoção dessa Copa seja redobrada para nós, brasileiros de todas as Áfricas.

África do bravo e amado Mandela, símbolo da luta pela igualdade. África de talentos como o de Miriam “Pata Pata” Makeba, Amos Tutuola e Ondjaki. De libertários como Steve Biko. Dos revolucionários Samora Machel e Patrice Lumumba. De maratonistas fantásticos como Abebe Bikila. África iorubá. África de Alá. África aprisionada. África libertada. África que não se rende a despeito de tudo e de todos. África que insiste em sorrir, como nossos irmãos de Serra Leoa. Após anos de sangrenta guerra civil, estão reconstruindo sonhos interrompidos, como o fazem hoje os sul-africanos, os angolanos, os moçambicanos.

Porque ninguém vence a África e os seus povos. Gente que sabe ganhar a simpatia de todos com suas danças, cores e sabores. Com seus sons fortes e às vezes matusquelas, como o das milhares de vuvuzelas. Um dos tantos meios que os africanos usam para nos ensinar como rebater as mazelas, com alegria e certeza num futuro melhor.

Essa Copa só podia ser na África. Um momento mágico a ser aproveitado em cada ataque, defesa, escanteio.  Em cada drible, embaixada ou cruzamento. Em cada lágrima de emoção. Em cada lição que a gente tira quando sabe que ali, do outro lado do oceano, tem uma África que nos emprestou tanto da sua cultura, e que hoje recebe o aplauso por tudo o que significa para nós e para quem a olha não mais de cima para baixo, com os olhos da cobiça dos conquistadores, dos mercadores de escravos ou dos aproveitadores em geral. Mas daqueles que aprenderam a olhá-la nos olhos, de igual para igual, como deve ser.

Fernando Brengel

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Copas do Mundo de A a Z

Por em Jun.01, 2010, Categoria Cultura

A história das Copas contada através de salas temáticas, cada uma representada por letras distintas do alfabeto. Essa é a dinâmica da pele-no-pedra-enxuta-59exposição Copas do Mundo de A a Z, que entrou em campo no Museu do Futebol. Uma ideia genial do curador Marcelo Duarte. Jornalista e empresário, Marcelo é autor do Guia dos Curiosos, escreve no Jornal da Tarde e capitaneia programas de rádio como o Fanáticos por Futebol. Nessa oportunidade, ele e sua competente equipe nos brindam com uma forma inusitada de conhecer o que aconteceu de mais importante em 80 anos do maior evento futebolístico da face da Terra.

A sala “F”, por exemplo, é dedicada ao “Frango”, ave detestada por todo o goleiro. Ambientada com fotos de um sem número de galináceos, seu centro é ocupado por um moderno monitor, em que é possível se divertir com filmes dos frangos mais absurdos. Em outro local, no “Q” de “Quase”, pode-se apreciar uma seleção de gols que por pouco não balançaram as redes, ao som de fundo do “Uhhhhhh!” da torcida.

Para quem gosta de futebol bonito, nada como as salas Drible, Vitória e Obras de Arte, em que são rememorados gols semelhantes a verdadeiras pinturas. No entanto, além dos olhos, a exposição se preocupa em agradar os ouvidos. O espaço “Música” é dedicado a relembrar trechos de hinos marcantes, como o polêmico Pra Frente Brasil de 1970.

Mas não é só isso. A Laranja Mecânica de 1974, ou Carrossel Holandês, mereceu um espaço só dele, assim como uma emocionante sala “J”, de “Jardim Irene”, bairro imortalizado por Cafu em 2002 ao levantar a taça do Penta. Região periférica de São Paulo, capital, o Jardim Irene assemelha-se a tantos outros bairros desassistidos, presentes aos montes Brasil afora. Palcos em que nesse exato momento meninos humildes, descalços, em chão de terra batida, ensaiam os primeiros passos para tornarem-se craques. Gente que prova, dia-a-dia, que a pobreza jamais vencerá quem nasceu para brilhar.

“Ah! Duvido que tenha a sala Y”. Se você pensa assim acaba de tomar um belo drible. “Yatchin”, um dos maiores goleiros do mundo, representa, e bem, o “Y”. Mais um gol de letra do talento reunido na exposição Copas do Mundo de A a Z. Um momento mágico tanto para quem ama o futebol quanto para quem ainda está se familiarizando com a sua cartilha.

Onde: Museu do Futebol – Estádio do Pacaembu – São Paulo/SP. Quando: terça a domingo, das 10h00 às 17h00 (horário sujeito a alterações em dias de jogos). Quanto: R$ 6,00. Estudantes e idosos pagam meia. Quinta-feira, entrada gratuita. Informações: www.museudofutebol.org.br

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Vira, vira, vira, viroooooou!

Por em Mai.21, 2010, Categoria Cultura

Quatro milhões de pessoas. 24 horas de atrações musicais, dança, teatro, cinema, exposições, performances. Mais de mil opções de diversão gratuita em diferentes pontos da capital paulista. Esse foi o balanço da 6ª edição da Virada Cultural, que aconteceu nos dias 15 e 16 de maio.

A equipe da Presença Propaganda compareceu em peso ao evento. ABBA (foto), Mallu Magalhães, Living Colour, Céu, Abujamra – Desengonçalves, Tulipa Ruiz, Dudu Tsuda, Baile do Simonal e Jair Rodrigues foram algumas, dentre tantas apresentações, que o pessoal da casa escolheu para prestigiar.

Fernando Brengel, Diretor de Criação da agência, afirmou que São Paulo está de parabéns, tanto pela iniciativa quanto pela programação, escolhida a dedo. A mais nova integrante da equipe da Presença, Karina Perussi, há menos de dois meses na cidade, confessou nunca ter visto nada igual. “Pela primeira vez pude participar de um evento tão grandioso como a Virada Cultural. Arte por todos os lados, para todos os gostos. Sensacional!”

Fica aí o pedido para a Prefeitura repetir a Virada no ano que vem, seguindo o espírito que a caracteriza, de ser múltipla, no intuito de atender as mais variadas tribos.

Foto de Daigo Oliva, G1

Foto de Daigo Oliva, G1

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Glauco, desenhe em paz

Por em Mar.12, 2010, Categoria Cultura

Inacreditável entender que um dos nossos piores traços, o da violência, ceifou hoje a vida de um dos nossos melhores traços, o de Glauco. Ele e seu filho se foram num episódio ainda em processo de esclarecimento.

Glauco deixa a marca da genialidade e da luta pela pela paz e o amor. Era o sonho hippie que não se contaminou pela cultura yuppie, pelo hipe fácil, pelo hip hip hurra do sucesso instantâneo. Não, Glauco foi ferino e fino ao mesmo tempo. Soube fazer do humor e da inteligência a trincheira que nos defendia da mesmice. Questionou, denunciou e lutou, caindo em combate sem chance alguma de defesa.

Dia triste esse. Mas também dia de lembrar que aqui permancem um Angeli, por exemplo, filho dos cartunistas da geração dos anos 80, filho, assim como o Glauco, de um saudoso Henfil.

Vai Glauco querido, vai desenhar a vida que você sempre sonhou nessa outra vida que agora te abraça.

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José Mindlin, uma vida para se ler e reler

Por em Mar.01, 2010, Categoria Cultura

“Um país se faz com homens e livros”. O pensamento de Monteiro Lobato cai como uma luva ao personagem de uma das mais belas páginas da nossa história recente, José Mindlin. Bibliófilo reconhecido aqui e lá fora, dono de uma das mais expressivas bibliotecas particulares que se tem notícia, a Brasiliana, 40.000 volumes doados no ano passado para a USP, Mindlin foi um exemplo ímpar de dedicação à cultura. Exemplo a ser seguido.

Num país em que se lê cada vez menos; em que o incentivo à leitura depende muito mais de iniciativas pontuais de organismos da sociedade civil do que do poder público, que deveria encampá-lo com vontade; num país em que o nível de intelecção de textos, principalmente dos jovens, vem caindo assustadoramente, Mindlin destacou-se, serenamente, por mostrar a necessidade de cultivar um hábito fundamental. A leitura, e só ela, é capaz de construir o pensamento. De despertar a criatividade, a curiosidade. De nos inserir no debate social. De nos emocionar, libertar, progredir.

Dono da cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras, Mindlin foi um caso raro de leitor que ocupou o trono máximo dedicado aos escritores. Uma justa homengem àquele que poderia, pela sua trajetória, merecer um pensamento que parafraseasse o de Lobato, cunhando-o da seguinte forma: “Um país se faz com homens como José Mindlin. Aqueles que amam os livros”.

Foto de Eder Medeiros, Folha Imagemmindlin

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