Tag: e-mail
Meu manifesto anti spam
Por Presença Propaganda em Jan.20, 2016, Categoria Opinião
Quase sempre meus dias no escritório começam com o processamento das mensagens de minha caixa de e-mail. Respondo, encaminho, arquivo, deleto, administro a infinidade de SPAMs que burlam os filtros e bloqueios que configurei. Nesse último caso, dou-me até mesmo ao trabalho de clicar naqueles links de “unsubscribe”, na esperança de que meu pedido – e minhas preces – sejam atendidas. Afinal, “time is money” (e banda de internet também) e eu gostaria de poder utlizar o meu de outra forma, que não lendo mensagens sobre o incrível produto que eu não preciso, não tenho interesse em comprar, e sequer se adequa ao meu perfil de consumo.
Além da irritação que isso me causa como simples consumidora, existe aquela que afeta o meu lado “profissional de comunicação e marketing”. Fico imaginando a origem obscura dessas listas de e-mail com as quais essas empresas trabalham, a cegueira estratégica de utilizar esse material e o desserviço que prestam a todo o setor de marketing direto e digital, especialmente à grande parcela que trabalha com ética e competência.
Mas o pior não é receber essas mensagens indesejadas. É tentar se livrar delas e não conseguir. Os obstáculos são variados: ausência de links para opt-out, links que não funcionam, solicitações que não são atendidas nunca e – tortura das torturas – um sistema de descadastramento que exige que você preencha um formulário com seu e-mail (o reconhecimento deveria ser automático) e insira um captcha (aquelas letrinhas embaralhadas que o pessoal coloca para você provar que não é um robô). Ou seja, além de não pedir para receber aquela mensagem maldita, você tem que provar que você é você (sendo que eles mesmos não sabem – seu nome é só mais uma entrada numa listagem de endereços eletrônicos capturados na web ou adquiridos de empresas que comercializam cadastros obtidos de forma duvidosa – e, muitas vezes, ilícita).
Duvidam? Vejam a imagem de tela abaixo. Essa é de hoje, mas não é única. Há vários sistemas de disparo de e-mail utilizando esse recurso. Sinto-me “trollada”.
Como consumidora, lamento pelas empresas que, atraídas pelos baixos custos e pela lábia de alguns “profissionais”, acham que obterão retorno com essas ações e utilizam-se de recursos como esses. Para mim, isso funciona como uma referência negativa – e um alerta para não fazer negócios com elas.
Já como profissional de comunicação que muitas vezes recomenda a ferramenta de e-mail marketing para seus clientes, faço meu papel:
– enfatizo a necessidade de cada cliente desenvolver seu próprio cadastro, utilizando o princípio do opt-in (ou seja, os destinatários têm que expressar, prévia e explicitamente, o seu consentimento em receber as mensagens);
– recomendo que, mesmo após essa aceitação, o destinatário possa facilmente solicitar a remoção do seu nome da listagem a qualquer tempo (as pessoas podem mudar de ideia, afinal), e ser atendido de imediato; e
– chamo atenção para questões como adequação, curadoria de conteúdo, periodicidade e tantas outras que envolvem esse tipo de ação.
Engraçado…esse texto, que era para ser só um desabafo de uma consumidora irritada, acabou virando uma dica para empreendedores que buscam formas de divulgar seus negócios, e querem fazer isso com ética e profissionalismo. Evoluiu. Pensando bem, melhor assim.
(Jennifer Monteiro, diretora da Presença Propaganda)